A Flight Technologies venceu uma 
licitação para desenvolver tecnologias avançadas de decolagem e pouso 
automáticos para a Aeronáutica, com contrato de R$ 1,3 milhão. A 
companhia atua no desenvolvimento de equipamentos eletrônicos 
[aviônicos] integrados para aeronaves leves e veículos aéreos não 
tripulados [Vant].
 Esse contrato é parte de um projeto
 mais amplo da Aeronáutica, batizado de sistema de decolagem e pouso 
automáticos para veículo aéreo não tripulado [DPA-Vant], com 
investimento total de R$ 4,5 milhões, para desenvolvimento em dois anos,
 informou o coordenador do projeto no departamento aeroespacial, Flávio 
Araripe. O valor será coberto integralmente pela Financiadora de Estudos
 e Projetos [Finep]. O software embarcado do Vant está sendo 
desenvolvido pela Boassan Computação Científica.
 Gerenciado pelo Departamento de 
Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, o 
projeto conta com o apoio do Ministério da Defesa e a participação do 
Centro Tecnológico do Exército e do Instituto de Pesquisas da Marinha.
 O desenvolvimento de um sistema de 
decolagem e pouso automáticos é uma nova fase do projeto Vant, iniciado 
em 2005 pelo departamento aeroespacial. Do trabalho resultou a concepção
 de um sistema de navegação e controle para esse tipo de veículo.
 "A empresa foi contratada para fazer toda
 a parte de inteligência do sistema, ou seja, as leis e algoritmos de 
controle da aeronave, elementos essenciais para o sucesso da técnica de 
pouso e decolagem automáticos", explicou o presidente da Flight, Nei 
Brasil. Araripe, coordenador do projeto, diz que o conhecimento que a 
Flight demonstrou em projetos anteriores, realizados em conjunto com a 
Aeronáutica e o Exército, foi decisivo para a inclusão da empresa nessa 
nova fase de desenvolvimento.
 A participação da Flight inclui a 
definição de plano de desenvolvimento e de requisitos de integração de 
sistemas embarcados e dos sensores nas plataformas de voo das aeronaves 
Acauã e Harpia. A plataforma a ser usada para testar o sistema de 
decolagem e pouso automático em voo, segundo o presidente da Flight, 
continuará sendo o veículo Acauã, desenvolvido na década de 80 pela 
Aeronáutica e que já realizou cerca de 70 voos para o projeto Vant.
 A tecnologia que envolve o software de 
navegação, controle e guiagem do Vant da Aeronáutica foi desenvolvida 
pela Avibras em parceria com a Flight. "A Avibras, que é a proprietária 
intelectual de 40% do projeto Vant, trabalha no desenvolvimento de seu 
próprio veículo, o Falcão, um exemplo claro de "spin off" [cisão e 
transferência de tecnologia] do setor aeroespacial e de defesa, pois 
aplicou o conhecimento adquirido no projeto da Aeronáutica para criar um
 produto inovador", afirma o presidente da Flight.
 A empresa também acaba de fechar uma nova
 parceria com a Avibras para o projeto do Vant Falcão, que prevê o 
desenvolvimento do software de supervisão, navegação, guiamento e voo do
 veículo. O trabalho contempla ainda a integração do software nos 
sistemas embarcados do Vant e um sistema novo, de estabilização da 
aeronave e de gerenciamento de falhas e supervisão de voo.
 Fundada em 2003 por dois 
engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Flight foi a
 primeira empresa a instalar-se na Incubadora de Empresas de Base 
Tecnológica do CTA (Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial). 
Seus principais clientes são a Aeronáutica, o Exército e a Avibras. Para
 a Polícia Militar de São Paulo, a Flight está finalizando a 
certificação de um display multifunção, usado em helicópteros para fazer
 navegação urbana.
 A Flight tem 25 funcionários e prevê 
faturar R$ 6 milhões este ano. A companhia trabalha para ser uma 
fabricante aeronáutica especializadas em Vants, diz Brasil.
 A empresa já produz mini-Vants de 6 
quilos (Hórus 100), portáteis e que podem ser lançados à mão, e também 
de 100 quilos (Hórus 200), ambos já vendidos para o Exército. "O Hórus 
100 também tem aplicação civil no setor energético e de agronegócio", 
diz o presidente da Flight. Uma das atividades da empresa é a venda de 
serviços de operação de Vants para fazer imagens de áreas florestais. 
"Fizemos alguns projetos em áreas de 100 mil hectares em 2011 e queremos
 expandir esse trabalho para áreas entre 200 mil e 300 mil hectares", 
afirma Brasil.
Um dos problemas enfrentados pela 
empresa, segundo o executivo, é a falta de regulamentação aeronáutica 
para a operação de Vants no espaço aéreo brasileiro. "Só podemos operar 
Vants com uma autorização especial do Departamento de Controle do Espaço
 Aéreo. A exploração comercial dos nossos produtos, no entanto, vai 
exigir uma mudança na legislação brasileira que trata a questão da 
navegação aérea de um novo tipo de aeronave", explicou ele. 
 

 
 
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