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28 de abr. de 2012

Secretário dos EUA tenta convencer Brasil a comprar caças

F-18 Super Hornet da Boeing é visto como azarão na concorrência


O secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, fez nesta quarta-feira (25) no Rio de Janeiro um discurso entusiasmado tentando convencer o Brasil a adquirir caças norte-americanos, e afirmou que o comércio bélico entre as duas maiores economias das Américas representa uma "área madura para o crescimento".
O caça F-18 Super Hornet da empresa norte-americana Boeing é visto como azarão na concorrência para a compra de novos caças da Força Aérea Brasileira. A licitação tem um valor inicial em torno de U$ 4 bilhões ( R$ 7,5 bilhões), quantia a ser substancialmente ampliada com a manutenção e com encomendas posteriores.
A presidente Dilma Rousseff tem apresentado o caso como um marco na definição das alianças militares e estratégicas do Brasil nas próximas décadas, refletindo sua nova condição de potência econômica global.

O discurso de Panetta foi feito em visita à Escola Superior de Guerra, no Rio. Para ele, a compra iria fortalecer as indústrias brasileiras de armamentos e aviação, ao permitir que elas transformem suas parcerias com companhias dos EUA.

Esta oferta, que tem forte apoio do Congresso dos Estados Unidos, contém uma parcela de tecnologias avançadas sem precedentes, que é reservada apenas aos nossos aliados e parceiros mais próximos. Estou esperançoso de que o governo brasileiro afinal escolha adquirir o Super Hornet para ser o caça da nova geração para a sua Força Aérea. E elas teriam a melhor oportunidade de entrar nos mercados mundiais.
Mas a empresa francesa Dassault Aviation ainda é vista como favorita para a venda de 36 caças Rafale ao Brasil. A outra proposta na concorrência é a do caça Gripen, da sueca Saab.
O favoritismo da Dassault foi reforçado neste ano, quando a Índia disse que estava negociando a compra de 126 Rafales. Isso atenuou as preocupações existentes no Brasil a respeito do caça francês, que até então não tinha compradores fora da França.

Embraer

Em entrevista coletiva na terça-feira (24) em Brasília, o ministro da Defesa, Celso Amorim, reiterou que o Brasil ainda não tomou uma decisão a respeito dos caças. Mas pareceu insinuar que as preocupações brasileiras a respeito do compartilhamento de tecnologias pelos EUA não estão completamente resolvidas.
Ele também manifestou preocupações com o recente cancelamento de uma concorrência dos EUA, vencida pela Embraer e por seus sócios, para fornecer 20 aviões ao Afeganistão, num valor de 355 milhões de dólares.
O contrato foi suspenso por causa de aparentes irregularidades. Seria o primeiro da Embraer com as Forças Armadas dos EUA, e Amorim não escondeu sua decepção.
— Naturalmente, não posso dizer que a relação inteira vai depender desse exemplo em particular.
Esse não foi o primeiro revés para a Embraer nos EUA. Em 2006, Washington vetou a venda de aviões Super Tucano para o governo esquerdista da Venezuela. Os EUA tinham esse poder de veto por causa da tecnologia norte-americana incorporada aos aviões de fabricação brasileira.
Em outro incidente, em 2009, a Embraer disse ter sido temporariamente impedida de vender jatos comerciais à Venezuela por conterem sistemas norte-americanos de comunicação.
Os episódios geraram temores de que o Brasil enfrente restrições similares no futuro com a tecnologia a ser recebida da Boeing em caso de aquisição dos F-18.
Em sua primeira viagem ao Brasil como chefe do Pentágono, Panetta disse que os EUA querem ampliar o comércio de equipamentos militares de alta tecnologia, "num fluxo “em ambas as direções entre os nossos países".
Os EUA, garantiu Panetta, raramente negam licenças de exportação envolvendo o Brasil.

— Houve uma época em que os Estados Unidos desestimulavam o desenvolvimento da capacidade militar em países da América Latina e Central", disse Panetta em entrevista coletiva na terça-feira em Brasília. O fato é que hoje achamos o desenvolvimento desse tipo de capacidade importante (...). O que isso fará, eu acho, será promover a segurança nesta região.
O comércio bilateral entre EUA e Brasil totalizou cerca de U$ 74 bilhões (R$ 139 bilhões)  no ano passado, contra U$ 503 bilhões (R$ 947 bilhões) dos EUA com a China. Em 2009, a China superou os EUA como maior parceiro comercial do Brasil.

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