F-18 Super Hornet da Boeing é visto como azarão na concorrência
O secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, fez nesta quarta-feira
(25) no Rio de Janeiro um discurso entusiasmado tentando convencer o
Brasil a adquirir caças norte-americanos, e afirmou que o comércio
bélico entre as duas maiores economias das Américas representa uma "área
madura para o crescimento".
O caça F-18 Super Hornet da empresa norte-americana Boeing é visto
como azarão na concorrência para a compra de novos caças da Força Aérea
Brasileira. A licitação tem um valor inicial em torno de U$ 4 bilhões (
R$ 7,5 bilhões), quantia a ser substancialmente ampliada com a
manutenção e com encomendas posteriores.
A presidente Dilma Rousseff tem apresentado o caso como um marco na
definição das alianças militares e estratégicas do Brasil nas próximas
décadas, refletindo sua nova condição de potência econômica global.
O discurso de Panetta foi feito em visita à Escola Superior de Guerra, no Rio. Para ele, a compra iria fortalecer as indústrias brasileiras de armamentos e aviação, ao permitir que elas transformem suas parcerias com companhias dos EUA.
O discurso de Panetta foi feito em visita à Escola Superior de Guerra, no Rio. Para ele, a compra iria fortalecer as indústrias brasileiras de armamentos e aviação, ao permitir que elas transformem suas parcerias com companhias dos EUA.
Esta oferta, que tem forte apoio do Congresso dos Estados Unidos,
contém uma parcela de tecnologias avançadas sem precedentes, que é
reservada apenas aos nossos aliados e parceiros mais próximos. Estou
esperançoso de que o governo brasileiro afinal escolha adquirir o Super
Hornet para ser o caça da nova geração para a sua Força Aérea. E elas
teriam a melhor oportunidade de entrar nos mercados mundiais.
Mas a empresa francesa Dassault Aviation ainda é vista como favorita
para a venda de 36 caças Rafale ao Brasil. A outra proposta na
concorrência é a do caça Gripen, da sueca Saab.
O favoritismo da Dassault foi reforçado neste ano, quando a Índia
disse que estava negociando a compra de 126 Rafales. Isso atenuou as
preocupações existentes no Brasil a respeito do caça francês, que até
então não tinha compradores fora da França.
Embraer
Em entrevista coletiva na terça-feira (24) em Brasília, o ministro da
Defesa, Celso Amorim, reiterou que o Brasil ainda não tomou uma decisão
a respeito dos caças. Mas pareceu insinuar que as preocupações
brasileiras a respeito do compartilhamento de tecnologias pelos EUA não
estão completamente resolvidas.
Ele também manifestou preocupações com o recente cancelamento de uma
concorrência dos EUA, vencida pela Embraer e por seus sócios, para
fornecer 20 aviões ao Afeganistão, num valor de 355 milhões de dólares.
O contrato foi suspenso por causa de aparentes irregularidades. Seria
o primeiro da Embraer com as Forças Armadas dos EUA, e Amorim não
escondeu sua decepção.
— Naturalmente, não posso dizer que a relação inteira vai depender desse exemplo em particular.
Esse não foi o primeiro revés para a Embraer nos EUA. Em 2006,
Washington vetou a venda de aviões Super Tucano para o governo
esquerdista da Venezuela. Os EUA tinham esse poder de veto por causa da
tecnologia norte-americana incorporada aos aviões de fabricação
brasileira.
Em outro incidente, em 2009, a Embraer disse ter sido temporariamente
impedida de vender jatos comerciais à Venezuela por conterem sistemas
norte-americanos de comunicação.
Os episódios geraram temores de que o Brasil enfrente restrições
similares no futuro com a tecnologia a ser recebida da Boeing em caso de
aquisição dos F-18.
Em sua primeira viagem ao Brasil como chefe do Pentágono, Panetta
disse que os EUA querem ampliar o comércio de equipamentos militares de
alta tecnologia, "num fluxo “em ambas as direções entre os nossos
países".
Os EUA, garantiu Panetta, raramente negam licenças de exportação envolvendo o Brasil.
— Houve uma época em que os Estados Unidos desestimulavam o desenvolvimento da capacidade militar em países da América Latina e Central", disse Panetta em entrevista coletiva na terça-feira em Brasília. O fato é que hoje achamos o desenvolvimento desse tipo de capacidade importante (...). O que isso fará, eu acho, será promover a segurança nesta região.
— Houve uma época em que os Estados Unidos desestimulavam o desenvolvimento da capacidade militar em países da América Latina e Central", disse Panetta em entrevista coletiva na terça-feira em Brasília. O fato é que hoje achamos o desenvolvimento desse tipo de capacidade importante (...). O que isso fará, eu acho, será promover a segurança nesta região.
O comércio bilateral entre EUA e Brasil totalizou cerca de U$ 74
bilhões (R$ 139 bilhões) no ano passado, contra U$ 503 bilhões (R$ 947
bilhões) dos EUA com a China. Em 2009, a China superou os EUA como maior
parceiro comercial do Brasil.
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